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Desmatamento: O sofrimento de uma árvore que cai é a agonia de uma humanidade inteira.

Fui jogada ao chão e brotei para me destacar, tanto cresci que alcancei o céu.
- Cof, cof, cof... O que acontece? Alguém que se aproximava planando no ar. É essa nuvem escura minha amiga águia que vira e mexe sobrevoa por aqui, fazendo-me tossir a cada momento que tenho de aspirá-la para poder realizar a purificação e a sua limpeza.
- Você limpa o ar?
- Confirmei: sim, esta é uma de minhas funções que tem aumentado a cada dia com o excesso de poluentes que são lançados ao ar.
Em meio ao silêncio da floresta e ao canto dos pássaros, escuto um som diferente que aos berros, madeeeira, me alerta que mais uma de nossas amigas operárias acabara de ir ao chão. Assustada com o barulho que fizera, a águia grita e localiza a quilômetros de altura nossa companheira que já era arrastada. Sinto dor, se tivesse pernas tremeria, não de medo, mas de ansiedade, será que meu dia vai chegar? A águia me observa e pergunta o que eu sentia e o que eu pensava ao ver cena.
- Viso o presente e prevejo o futuro, enquanto de pé purifico o ar, forneço o fruto e guardo os animais do sol. Mas assim que cair essa área ficará negra de poluição e suja pela falta que outras árvores e eu faremos.
A águia com sua visão aguçada acompanhavam do alto, todo o percurso que era feito pela árvore que até poucos momentos atrás fora sacrificada. Chegaram a um galpão onde máquinas em funcionamento já a esperava e sem demora o seu trabalho começara. Ao retornar percebo que a águia tem em seus olhos lágrimas de sofrimento e dor por presenciar algo tão degradante e covarde.
Para me tranqüilizar a águia afirma que será reflorestado o local onde antes havia uma árvore, ao qual sem esperança peço que a águia se vire e veja o que está acontecendo, neste local tratores já preparam a terra para o cultivo de soja. Ao voltar seus olhos para mim, a águia me questiona sobre o que irá acontecer quando não houver árvores no mundo.
- Primeiramente não veremos mais o belo do verde e nem o passar das estações com a queda das folhas que secam no outono, estradas passarão por onde antes os animais construíam seus ninhos e habitavam pacificamente com suas famílias, as civilizações terão fome pela falta do fruto e pulmões enegrecidos pela ausência do ar puro vindo das florestas, o planeta irá sofrer com a devastação.
A águia me pergunta como poderíamos reverter essa situação, com intuito de evitar esse terrível fim, entretanto, respondo que é uma missão quase que impossível, pois ninguém quer abrir os olhos para cura, mantendo assim, a vida momentânea confortável.
- Os poucos que lutam pelo bem maior que é a vida, se utilizam da reciclagem para tirar o lixo do meio ambiente e torná-lo reutilizável, conservam as árvores que de tantos anos de vida se constituem parte da história e plantam árvores em lugares onde florestas foram desmatadas em prol da ambição do comércio ilegal de madeira. São pequenas formiguinhas fazendo sua parte, mas que perto deste grande número de gafanhotos destruidores de plantas, são apenas pequenas operárias movidas pela esperança de um objetivo incerto.
Um barulho ensurdecedor se alastra pela floresta.
- Uma dor que agora transpassa, já sinto a serra em minhas entranhas, cortando-me e dividindo-me. Eu que tanto tempo fiquei parada aqui e vi os passarinhos que nasciam e aprendiam a voar, servi de apoio em dias quentes a animais e até mesmo pessoas que procuravam um lugar a sombra para descansar e alimentei os famintos que em mim buscavam alimento, como recompensa ganhei a morte.
- Não mais sinto minhas raízes e o céu que tantos séculos me custaram para alcançar agora estava distante, pois estou no chão e sendo arrastada jogava sementes ao vento, esperançosa de um dia colaborar principalmente para remissão e reflorestamento do coração humano.

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